quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Projeção

Eu sou sua projeção de perfeição. Aquela que obteve tudo que vilmente você nega por não admitir desejar e por medo de nunca conseguir obter.
Minhas ações são seus mais profundos anseios, minhas atitudes são suas vontades obscuras, meu ser é o seu querer ser.
Mais por receio de incapacidade do que por preconceito você ignora e rejeita essa inveja incansável que tenta transformar em desprezo. Idolatrando tudo que é contrario ao meu eu e criticando tudo que se refere a minha pessoa você disfarça a impotência de indiferença.
Talvez seja melhor assim. O seu papel requer interpretação da velha chata que acredita ser a jovem bela. Só esquece que jovens belas não são rabugentas e caretas, e muito menos gordas e indigestas.
Apenas peço que poupe seus esforços, não irei reduzir o meu potencial para curar suas moléstias. Solidariedade é uma das minhas virtudes mas não tenho vocação de hospedeira parasitária.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Novata


             No recente momento me flagro em súbito estado de contradição. Sinto-me como um ser estranho que não se adaptou ainda ao corpo que foi lhe dado. Necessariamente ao corpo, porque seria no mínimo bizarro estranhar um corpo ao qual se está inserido há mais de duas décadas, mas a condição a que esse corpo pertence.
         À medida que os anos passam o meu ser se transforma intensivamente e passa por diferentes estágios de adaptação. No momento sinto como se meu eu estivesse passando por uma metamorfose psicológica e espiritual da qual o resultado ainda é desconhecido.
       Surge um conflito com o antigo casulo que sofre um estagio de dificuldade de aceitação com a nova velha forma. Como se ainda não conhecesse por inteiro o ser que habita o outro lado do espelho, e embora os meus olhos não mintam refletindo de fato a imagem correspondente minha mente insiste em enxergar aquilo que se acostumou a ver, o estagio evolutivo antessente ao atual.
        Sinto como nunca, uma intensa dificuldade de adorar esse novo eu como adorara os outros. Talvez devido ao fato de se tratar de uma desconhecida que anseia por novos cuidados e uma integração com os conterrâneos.
        Mas devo dar boas vidas a essa recém-chegada, e devo dizer-lhe que espero do fundo do peito, ou de qualquer outra cavidade corpórea correspondente aos sentimentos, que ela seja amada, entendida, e idolatrada tanto ou mais que as anteriores. Farei o possível e o impossível para que isso ocorra da forma mais plena e sincera o possível.
        Apesar de toda essa recente dificuldade de identificação comigo mesma, me sinto bem em perceber que algumas coisas não mudaram, como a agradável sensação de andar de bicicleta no sol, o gosto por imagens e desenhos modais, e a magicalidade que a dança exerce sobre o meu ser.
       Já consigo perceber qualidades exclusivas dessa novata, sua escrita e indiscutivelmente mais madura e clara, com um vocabulário cada vez mais rico e aprimorado, sua capacidade de enxergar as situações por ângulos distintos e brilhantes, sem contar na falta de vitimização contínua, substituída pela adoção de atitudes mais prudentes e sensatas.

sábado, 25 de junho de 2011

Sinto que é como sonhar

"Ficou claro que o que enxergo não faz parte da vasta participação que meu mundo tinha quando eu abria - fechava - os olhos. A vertigem e o medo de cair tem quase me tomado o fôlego por completo. A altitude e o medo de novos horizontes tem me impossibilitado de sentir o vento e abrir meus braços. Cheguei no meu limite. Procurei algo alcançável para me segurar, porém me ligar ao que restou do passado hoje não me fez diferença positiva alguma. Pelo contrário, me ligar ao que restou foi tão brutalmente errado que tão pouco deixou para mais um de meus futuros conflitos. Amadureça. Amadureci? Se isso significa que não vou mais poder crer no que era pra mim palpável e admirável, prefiro continuar imatura. No final das contas eu ainda acredito que alguém ainda virá me resgatar. Mesmo que esse alguém seja eu mesma. As perspectivas são boas. Estou cansada dessa vida séria. Vou me soltar, fechar os olhos e não me importar, posso?" Mariana Magre



terça-feira, 31 de maio de 2011

Lou Salomé

" Ouse, ouse... ouse tudo!! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!"

 "Pois, sobretudo, resulta no indivíduo uma espécie de interação ébria e exuberante das mais altas energias criadoras do seu corpo e a exaltação mais alta da alma. Enquanto nossa consciência se interessa vagamente, habitualmente, por nossa vida psíquica, como por um mundo que conhecemos mal e que controlamos ainda pior, que ao que parece forma um com ela, mas com o qual normalmente ela se entende mal - eis que se produz subitamente entre eles uma tal comunhão de enervação que todos os seus desejos, todas as suas aspirações se inflamam ao mesmo tempo."
 

"Assim, para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora, é solidão, isolamento, cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. (...) O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo por si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser: é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz, uma escolha e um chamado para longe."
 

"só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o tempo, permanecer objeto do amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser sentido como tal. Assim, nada há de mais inepto em amor do que se adaptar um ao outro, de se polir um contra o outro, e todo esse sistema interminável de concessões mútuas... e, quanto mais os seres chegam ao extremo do refinamento, tanto mais é funesto de se enxertar um sobre o outro, em nome do amor, de se transformar um em parasita do outro, quando cada um deles deve se enraizar robustamente em um solo particular, a fim de se tornar todo um mundo para o outro."

— Lou-Salomé

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Medo

Eu sou: 
A ruína da capacidade,
a frustração do ego,
A sucumbência da moralidade,
e a perversão da dignidade.

Eu sou o cárcere do homem livre,
e a libertação do receio.
O pesadelo de onde você não consegue acordar,
e a violência que não é capaz de controlar.

Eu transformo a inocência em maleficência,
e a civilidade em hostilidade.
Eu faço as lembranças agradáveis
se transformarem em memórias insuportáveis.

Se me controlam sou inofensivo,
mas se domino
rompo com todas as barreiras da prudência.

Já converti democracias em tiranias,
apegos em vícios,
e até; vítimas em réus.

Quem sou eu?
O MEDO, também conhecido como DESESPERO.
(Natália Bayeh)

domingo, 13 de março de 2011

As Duas Faces de um Crime (PRIMAL FEAR)

         
Ambicioso, liso de alto nível de defesa advogado Martin Vail (Richard Gere) defendeu a gagueira altar Kentucky garoto Aaron Stampler (Edward Norton), que foi acusado de um assassinato cruel de um arco-bispo católico nomeado Rushman.  Durante o interrogatório, Stampler revelaram que ele sofria de desordem de personalidade múltipla - e seu psicótico, sociopata alter-ego (chamado Roy) tinha tomado conta, entrou em erupção e atacaram o distrito assistente procurador procurador Janet Venable (Laura Linney), a ex-namorada Vail , durante o julgamento.
Stampler foi absolvido no julgamento por razões de insanidade, e depois a reviravolta chocante do filme foi revelado - como Aaron felicitou o seu advogado em sua cela, ele inadvertidamente disse-lhe que ele estava apenas fingindo ser louco e tinha realmente assassinado premeditadamente o sacerdote ("... cuttin 'aquele filho da puta? Rushman up que era apenas uma f - parentes "obra de arte)!") e sua namorada Linda .Além disso, ele admitiu que Roy era sua verdadeira personalidade (e responsáveis) e que "nunca houve um, conselheiro Aaron"(Filmsite- Melhores Diálogos do Cinema)

  
Melhores Diálogos:

Martin Vail- Por que jogar com o dinheiro quando você pode jogar com a vida das pessoas? Isso foi uma piada. /Tudo bem, eu vou te dizer.  Eu acredito na noção de que as pessoas são inocentes até que se prove a culpa./  Eu acredito em que a noção, porque eu escolho acreditar na bondade básica das pessoas. / Eu escolho acreditar que nem todos os crimes são cometidos por pessoas com más intenções./ E eu tento entender que algumas pessoas muito, muito boas, acabam  fazendo algumas coisas muito ruins.
 ...
Outro- Digamos que tenha um cliente que saiba que é culpado?
Martin Vail- Não! Nem nosso sistema de justiça nem eu ligamos para isso! Todo réu a despeito do que tenha feito, tem direito a melhor defesa que seu advogado possa oferecer.
 ...
Outro- E o que acha da verdade?
Martin Vail- Só há uma que interessa. Minha versão . A que elaboro na mente dos doze jurados. Se quiser pode dar outro nome: a ilusão da verdade."
        
          Sem dúvida alguma, uma das melhores tramas jurídicas da história do cinema,o filme estrelado por Richarde Gree mostra a Outra Face de um Advogado. Que diferente do que muitos pensam não é aquele ser frio, mal caráter e salvador dos "inimigos", e sim um profissional, muitas vezes, muito mais sensível e justo do que qualquer médico. É muito simples limitar-se a inocentar os justos, honestos e "de bem", difícil é ser capaz de revelar o lado inocente dos "culpados".

domingo, 16 de janeiro de 2011

Íris

É assustador perceber a velocidade com que o mundo exterior se transforma com uma simples mudança no mundo interior.
O brilho do sol ou o azul do mar não ficam tão cativantes quando dentro de seu crânio latejam dores.
A pele bronzeada e o corpo definido de um homem bonito perdem a graça quando o seu útero contrai e o sangue escorre entre suas pernas.


Quem usa óculos escuros pouco vê,
precisa diminuir a luz natural para conseguir enxergar.
Mas o mundo não é o mesmo por traz dessas lentes,
nem mesmo a frente de nossos olhos que por meio
da reflexão luminosa reproduz a imagem do que tecnicamente
se encontra diante de nós.

O que nossa visão nos permite enxergar não é de fato o que está ao nosso redor,
é preciso mais que isso para ler o mundo.  

(Natália Bayeh)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...