quarta-feira, 10 de julho de 2013

os Eus e o Tempo


Nunca tive facilidade em medir e mediar os meus eus em tempos diversos.  Entender a uniformidade individual separada por um lapso temporal nunca foi algo assimilado pela minha consciência. Talvez por não se tratarem do mesmo ser. Não são indivíduos independentes, mas interdependentes.

Poderiam, seres tão dissemelhantes e peculiares serem o mesmo? Ainda que seja incontestável o fato de serem oriundos da soma de memórias uns dos outros?

 Nem lembranças, pensamentos ou mesmo ideias escapam dessa disparidade. Antigas memórias perdem o foco, novos pensamentos tomam lugar dos antigos e até mesmo, ideologias  se reformulam. Definitivamente, não se trata do mesmo ser.

Apesar de todas essas dúvidas e questionamentos, chamar de Eu aquela garotinha de oito anos, me é mais razoável do que estranho. Mas o razoável, proveniente de elucidações científicas e filosóficas, nem sempre nos remate a conclusões aceitáveis ou digeríveis.

Minha capacidade de amar seres diferentes daqueles que me são refletidos no espelho coloca todos esses argumentos em contradição. Surge uma forma diferenciada de auto-amor, em que o ser estimado e amado não é somente o refletido no momento em que a luz penetra no espelho, mas aqueles que nunca mais nele poderão ser observados.

Curiosamente, adorar os antigos eus é incrivelmente mais fácil do que amar aquela que representa a minha identidade no agora.

Todos esses, são fatores determinantes pra que o “tempo” continue no rol de mistérios distante de soluções lógicas ou ilógicas. Uma equação de resultado indefinido nas dimensões conhecidas.

O que eu sei é que não quero viver aspirando ser o que era, e não suporto a ideia de me tornar alguém que não ama ter sido quem foi. 

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